O número de incêndios florestais aumenta consideravelmente nos meses de agosto e setembro, quando o DF passa pela fase mais crítica do período de estiagem. É nesse período que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) se mobiliza em vários atendimentos. São 237 militares e 33 viaturas destinados a atendimentos emergenciais.
Somente entre os dias 1º e 8 deste mês, a corporação atendeu 270 ocorrências. Já no acumulado de janeiro ao início de setembro, foram registradas 4957 ocorrências relacionadas a fogo, com áreas queimadas equivalentes a 13.326 hectares. Em todo o ano passado, esses registros apontam 10.273 ocorrências e 16.177 de áreas queimadas.
13.326 hectaresTotal de áreas queimadas de janeiro ao início deste mês
“Estamos com a umidade muito baixa e temperaturas muito elevadas”, alerta o comandante do Grupamento Especializado em Proteção Ambiental (Gepram), tenente-coronel José Genilson. “Ano passado, tivemos um número bem inferior de incêndios, o que contribuiu para o aumento da vegetação neste ano. Desta forma, com muita vegetação, consequentemente, o fogo se alastra mais”.
Operação Verde Vivo
Também é nesse período que o CBMDF deflagra a quarta das cinco fases da operação Verde Vivo. A primeira etapa foi entre abril e maio, quando a corporação, juntamente com representantes da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), atuou na conscientização da comunidade, em especial dos moradores de áreas rurais, onde habitualmente há mais focos de incêndios.
Na segunda fase, denominada Combate Inicial, os bombeiros são capacitados para atuar no combate a incêndios no Cerrado. Na terceira fase – Combate Intermediário –, entre 1º de julho e 31 de agosto, intensifica-se a atuação. O encerramento da operação, esclarece o comandante do Gepram, pode variar, dependendo do início da temporada de chuvas.
“A quinta e última fase, quando ocorre a desmobilização gradual das equipes destacadas para queimadas, está prevista para novembro, mas pode começar mais cedo, caso as chuvas iniciem”, explica o tenente-coronel José Genilson. Porém, ele adverte: “Estamos diante de um cenário bastante crítico”.
Treinamento
Nesta semana, o CBMDF empreendeu exercício simulado de ocorrência de incêndio florestal de grande proporção. Participaram 109 militares. O objetivo foi condicionar os militares envolvidos na operação Verde Vivo 2020 a atuar de maneira adequada em incêndios que ultrapassam a capacidade de resposta ou atinja mais de 100 hectares. O simulado ocorreu na Floresta Nacional (Flona), com a participação de oito viaturas operacionais e três de apoio. Cento e nove militares participaram do exercício.
Estrutura
Além das viaturas, o grupamento conta com o apoio do helicóptero e da aeronave da corporação. “Utilizamos o helicóptero para sobrevoar a área queimada e definir a melhor estratégia para atuar no incêndio, e também para levar os combatentes a lugares de difícil acesso com viaturas”, explica Genilson. “Eles descem da aeronave com os equipamentos, como abafadores e sopradores, para atuar na área queimada. O avião, que comporta até 3 mil litros de água, utilizamos em incêndios de grandes proporções”.
O comandante do Gepram alerta ainda sobre os cuidados com a fumaça durante o incêndio, mesmo que esteja controlado. “A fumaça tóxica pode prejudicar a saúde, principalmente daqueles que já têm algum problema respiratório, como asma”, frisa. “É importante, caso sinta o cheiro ou aviste um incêndio, fechar as janelas e ventilar a casa, para melhorar o ar interno. Somente se deve permanecer no interior da residência se as chamas não estiverem próximas e não oferecerem riscos”.
Prevenção e parcerias
As ações de prevenção aos incêndios florestais começaram ainda no primeiro semestre de 2020. Em abril, o governador Ibaneis Rocha publicou decreto declarando estado de emergência ambiental no DF, uma medida importante para a mobilização de pessoal e uso de equipamentos do governo no combate a incêndios.
Quem está à frente desse trabalho é a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), por meio da coordenação do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Ppcif), executado em parceria com 17 instituições e órgãos do DF, entre eles o CBMDF.
“Desenvolvemos um amplo trabalho preventivo com abertura de aceiros em torno dos parques e também a queima controlada nos parques e unidades de conservação mais vulneráveis a incêndios”, conta o secretário de Meio Ambiente, José Sarney Filho. “O combate ao fogo conta com a importante parceria dos bombeiros.”
O secretário também ressalta a participação fundamental dos brigadistas. “O Ibram [Instituto Brasília Ambiental] contratou 148 brigadistas que foram distribuídos nas áreas”, informa. “Agora entramos no período seco, e os cuidados devem se intensificar”. Em maio, o Ibram lançou o programa Observadores de Fumaça. O objetivo é envolver a comunidade vizinha aos parques para que, diante de qualquer princípio de fogo, seja acionado o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193.
Você pode ajudar
A participação da população é importante no combate às queimadas, destaca o militar. “Alguns comportamentos ainda permanecem, como fogueiras mal condicionadas ou limpeza de terreno com uso de fogo, mas percebo uma maior conscientização da população nesse sentido”, relata.
Abaixo, veja algumas orientações para evitar incêndios.
- Não atear fogo para limpeza de terrenos, lixo ou resto de podas de árvores.
- Após fumar, apagar o cigarro e descartá-lo em local adequado.
- Ao identificar um incêndio, procurar um local seguro, distante do fogo e da fumaça. Ligar para o 193 e indicar o local exato do incêndio, se possível, com pontos de referência.
* Com informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP)
FONTE: AGÊNCIA BRASÍLIA * | EDIÇÃO: CHICO NETO