A inclusão de cônjuges e parentes do governador e do vice-governador em decreto que cria uma “Carteira de Identidade Funcional” para Ibaneis Rocha e integrantes do primeiro escalão do GDF pode trazer de volta a “carteirada” – como é conhecida popularmente a busca de vantagens com base em cargos ou condição social.
O alerta é da deputada Julia Lucy (Novo) que tratou da medida na sessão ordinária da Câmara Legislativa desta quarta-feira (10). “Não queremos uma volta a tempos passados. É possível se valer deste documento para a obtenção de benefícios pessoais”, ponderou a parlamentar, acrescentando que a decisão de estender a identificação aos familiares “não parece republicana”.
O deputado Fábio Felix (PSol) concordou com a colega: “É natural a emissão de identidade funcional. O que surpreende é a oportunidade da volta de uma cultura que parecia extinta. Isso é que nos deixa abismados”, avaliou. Jorge Vianna (Podemos) também considerou que é necessário verificar o que chamou de “excessos”, mas defendeu a emissão do documento. Ele lembrou que mesmo se identificando formalmente como deputado distrital já foi “barrado” em várias ocasiões.
Líder do governo, o deputado Cláudio Abrantes (PDT) disse que levará o questionamento dos parlamentares ao GDF. Ele lembrou que há questões de segurança que precisam ser examinadas quando se trata de familiares de autoridades como o governador e o vice-governador. Porém sobre a carteira, afirmou que, pessoalmente, achou “um exagero”, pois há uma questão funcional: “Filho e esposa não são cargos”.
Por seu turno, o deputado Chico Vigilante (PT) ironizou: “Dependendo da popularidade do ocupante da função vai ter gente negando o parentesco. A carteira não vai ajudar em nada”.
Marco Túlio Alencar
Fotos: Carlos Gandra/CLDF
Núcleo Jornalismo – Câmara Legislativa