Por Clarice Gulyas
Aumento do piso salarial, redução da jornada de trabalho e saúde do trabalhador são temas da Assembleia Geral, que discute interesse de quase meio milhão de trabalhadores. Somente frigoríficos bovinos faturaram R$ 70 bilhões em 2010.
Com possibilidade de movimento grevista ainda neste ano, trabalhadores do setor frigorífico e dirigentes de entidades ligadas a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) irão se reunir nesta quinta-feira (11), durante Assembleia Geral, em Campo Grande (MS), no Clube Estoril, para discutir melhores condições de trabalho para mais de 450 mil trabalhadores do setor da alimentação.
Com destaque para o setor frigorífico, o encontro tem a intenção de reivindicar o aumento do piso salarial da categoria para R$ 1 mil. Também estarão em pauta a redução da jornada de trabalho e a discussão de alternativas para combater as ocorrências de acidentes e doenças ocupacionais em frigoríficos, abatedouros e avícolas.
As reivindicações dos trabalhadores discutidas durante a Assembleia serão encaminhadas à Confederação Nacional da Indústria (CNI) para iniciar a negociação coletiva e a definição de uma data-base para a categoria. A expectativa é que até o dia 23 de setembro, data que será realizado o 5º Congresso Nacional da CNTA, as propostas estejam avançadas em benefício dos trabalhadores do setor para se evitar a instalação de greve geral.
O presidente da CNTA, Artur Bueno Camargo, afirma que a desigualdade entre os salários regionais no setor frigorífico é grande. Ele diz que a desqualificação da mão de obra dos trabalhadores tem sido cada vez mais comum com a ocorrência das “guerras fiscais”, disputa entre Estados e municípios com o objetivo de atrair empresas por meio da oferta de benefícios fiscais como a redução ou a isenção fiscal.
“As empresas tem explorado os trabalhadores por meio de guerras fiscais onde elas ganham uma série de isenções e acabam indo para onde há mão de obra mais barata. Com isso, nós ficamos sem poder de barganha para poder evoluir uma negociação nesse sentido. A diferença de custo de vida de um Estado para o outro é muito pouca, mas a desigualdade dos salários é muito grande. Enquanto os trabalhadores de São Paulo tem um piso salarial de R$ 900, os do Nordeste ganham no máximo R$ 600”, diz. Segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafi), somente o setor bovino registrou no ano passado um faturamento aproximado de R$ 70 bilhões.
Com a sugestão do Projeto de Lei nº 03/2009 que regulamenta a profissão no setor frigorífico em tramitação no Senado, a categoria quer reduzir a jornada de trabalho de 7 horas e 20 minutos para 6 horas diárias aos profissionais que trabalham em condições penosas como no abate e no processamento de carne.
Artur Bueno explica que a exposição desses trabalhadores as baixas temperaturas e o ritmo acelerado de trabalho aliado a uma jornada exaustiva tem gerado prejuízos para a saúde dos trabalhadores. “Estamos lutando pela a adoção de uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para assegurar intervalo de trabalho de 10 minutos de descanso a cada 50 minutos de trabalho e a cada 3 horas de trabalho um intervalo para uma mine refeição. Também queremos que toda empresa tenha um médico do trabalho contratado pelo INSS e não pela empresa, como acontece atualmente”, diz.
Assembleia Geral dos Trabalhadores de Frigoríficos
Data: 11/08/2011 (quinta-feira)
Horário: 9h às 17h
Local: Clube Estoril (Rua Silvina Tomé Veríssimo nº 20, Jardim Autonomista, Campo Grande/MS)