Projeto da USP que usa inteligência artificial para controle de epidemias e pandemias é destaque em evento preparatório da COP30

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 A ministra do meio ambiente, Marina Silva, e o ministro da saúde, Alexandre Padilha, dentre outras autoridades do Sul Global, participaram do evento | Imagem: LF Barcelos/Ascom CNS

Durante a Conferência Internacional sobre Clima e Saúde, que ocorreu em Brasília, AutoAI Pandemic foi apresentado como parte das soluções que buscam fortalecer sistemas de saúde no Sul Global

O projeto AutoAI-Pandemics: Democratizando o Aprendizado de Máquina para Análise, Estudo e Controle de Epidemias e Pandemias, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, foi um dos destaques da sessão de inovação na Conferência Global de Clima e Saúde, realizada de 29 a 31 de julho, em Brasília. O evento, que aconteceu pela primeira vez no Brasil, é considerado uma preparação para a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém do Pará.

Liderado pelo professor André Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, diretor do ICMC, o projeto faz parte da iniciativa Global South Artificial Intelligence for Pandemic and Epidemic Preparedness & Response (AI4PEP), uma rede de pesquisadores do Hemisfério Sul que buscam soluções de inteligência artificial (IA) para fortalecer sistemas de saúde equitativos. Representando o hub brasileiro da AI4PEP, o pesquisador da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp), Guilherme Tegoni Goedert, apresentou as ferramentas que já foram desenvolvidas no escopo do AutoAIPandemics como:

Análise epidemiológica automatizada: permite a detecção precoce de possíveis cenários epidêmicos e a proposição de intervenções mais eficazes em políticas públicas;

Análise automatizada de bioinformática: apoia o desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas, além de explorar dados genéticos de vírus e bactérias;

Combate à desinformação: envolve ferramentas para verificação de fontes confiáveis e mitigação da propagação de fake news relacionadas à saúde

Além disso, o pesquisador apresentou soluções desenvolvidas por outros hubs da rede AI4PEP ao redor do Sul Global, como armadilhas inteligentes de mosquitos e o uso de modelos de linguagem adaptados às línguas de povos originários, com foco em telemedicina em regiões remotas das Filipinas.

Guilherme também destacou que sua apresentação despertou interesse de representantes de ministérios da saúde de outros do Hemisfério Sul. “A IA está presente em muitas discussões, mas fomos provavelmente o único grupo a apresentar soluções concretas, já aplicadas ou em estágio avançado de desenvolvimento. Tivemos retornos muito positivos e iniciamos conversas com instituições interessadas em adaptar essas tecnologias às suas realidades locais”, destacou.

Liderança brasileira na rede AI4PEP – Lançada em 2022, a AI4PEP reúne mais de 20 países, desenvolvendo ferramentas de IA para detecção de surtos, modelagem de sistemas de saúde e engajamento de políticas. O núcleo brasileiro da AI4PEP, sob coordenação do diretor do ICMC, reúne pesquisadores de diferentes instituições, como Guilherme Tegoni Goedert e Claudio Struchiner (FGV EMAp), além de Robson Bonidia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Robson foi orientado pelo professor André durante o doutorado e sua tese BioAutoML: Democratizando Aprendizado de Máquina nas Ciências da Vida, defendida em 2024 no ICMC, serviu de base para a formatação do projeto AutoAI-Pandemics. A iniciativa  foi contemplada duas vezes, em 2023 e em 2025, pela chamada Global South AI4PEP Network, garantindo um investimento de grande porte. “Temos colaborado com a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, com hospitais e com municípios de São Paulo, desenvolvendo um sistema de vigilância para  extrair dados mais ricos dos prontuários médicos de atenção primária, os quais sejam capazes de levantar alertas oportunos para intervenções em saúde pública”, explica Guilherme.

O pesquisador comenta que, a partir dessas análises, será possível identificar quais são os problemas latentes de saúde e quais tecnologias precisam ser desenvolvidas para enfrentá-los. Além disso, destaca que será possível estimar o impacto desses problemas e qual o tamanho da população que poderia ser beneficiada com as inovações.

Para o professor André, levar essas soluções para o centro de discussões preparatórias da COP30 mostra que a ciência brasileira pode e deve ocupar protagonismo na construção de um futuro mais resiliente, sobretudo nos contextos em que os sistemas de saúde são mais vulneráveis.

Acesse o AutoAI-Pandemics: AutoAI-Pandemics
Acesse a tese BioAutoML: Democratizando Aprendizado de Máquina nas Ciências da Vidadoi.org/10.11606/T.55.2024.tde-01042024-092414

FONTE: ASCOM ICMC